quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Comércio na Praia: produtos diversificam-se


Foto: Claudinho e sua turma do sucolé.

Nos últimos 20 anos, as praias cariocas ganharam um grande contingente de trabalhadores, que se renova a cada ano e que se soma aos já consagrados no ramo. Andando nas areias de Ipanema, no Rio de Janeiro, é possível observar uma grande variedade de produtos sendo vendidos pelos ambulantes do local, e isso se torna ainda mais curioso quando percebemos produtos que antes não eram vendidos próximo à praia.

Seu Domingos, 58 anos, freqüentador das praias cariocas há 50 anos, diz sentir-se muito satisfeito com essa inovação no ‘comércio praiano’, como ele mesmo define o trabalho dos ambulantes. “Quando eu era criança, não via metade dos vendedores, e para comprar uma água eu esperava muito mais tempo que hoje”. De fato uma verdade. Hoje encontramos uma quantidade de trabalhadores muito grande e o espaço de tempo entre a passagem de um vendedor e outro do mesmo produto é muito curta, a demanda é muito bem atingida. Hoje um banhista como o Seu Domingos não apenas encontra água, cerveja e refrigerante , ou sanduíche natural e coco para comer, a diversidade é tamanha que o freqüentador pode comer de abacaxi a camarão com a mesma facilidade com que encontra um cigarro em tabacaria.

Cadeiras e barracas são oferecidas logo ao chegar nas areias da praia. Tendas com chuveirinho e grande variedade de bebidas e petiscos oferecem o serviço, que varia de R$3 à R$5 o aluguel de cada ítem. O banhista que aluga a cadeira recebe um tratamento diferenciado com serviço de garçom, para conforto de ambas as partes. O pagamento é feito ao final, como em bares e restaurantes.

Paralelo ao comércio fixo, existem os ambulantes que caminham sem parar vendendo seus produtos e manufaturas. Alguns formais, outros irreverentes, como o caso de Jerônimo, artista plástico, 44 anos, na praia há 20. O artista conta que a praia é seu único meio de vida e de sustento, e ali vende telas e pinturas que ele e o irmão fazem em seu ateliê, situado na casa onde mora na Pavuna, subúrbio do Rio de Janeiro. O preço varia de R$ 30 a R$ 200. Sua irreverência e simpatia atraem compradores e curiosos, mas o público alvo principal são os turistas, que ficam encantados com os idiomas com que procura expressar-se e se fazer entender. Jerônimo “arranha” o inglês, francês, italiano e espanhol, procura sempre passar a boa imagem da praia e da cidade para os de fora, ensinando a nossa língua e contando histórias e experiências de vida, mas fica triste em ouvir dos turistas a fama de exploradores e desonestos dos ambulantes, que ele nega com veemência. Pai de três filhos, todos estudando, nos conta que reformou a casa apenas com o dinheiro que ganha nas areias de Ipanema e Copacabana, viajou o Brasil todo e sonha em conhecer a Itália.

Figuras como essa são encontradas a cada minuto em pouco tempo de permanência, como o Sr. Severino do café, que vende um delicioso chocolate quente há 10 anos, ou o vendedor de abacaxi, famoso por assustar os frequentadores com o grito “ABACAXI” no ouvido de quem anda distraído, e acaba sempre conseguindo bons sorrisos, além das vendas. Sua fama é grande até na rede de relacionamentos Orkut, na Internet, onde há diferentes comunidades em sua homenagem, e recentemente fez cena na novela global Paraíso Tropical.

 A fama tem andado lado a lado dos comerciantes, e o melhor exemplo disso, sem sombra de dúvidas, é do vendedor Luis Cláudio, dono de uma simpatia única e uma irreverência grandiosa, o Claudinho do Sucolé, como é conhecido por todos nas areias de Ipanema. Dono de uma minifábrica, situada em sua residência, Claudinho possui uma equipe de vendedores espalhada nas areias das praias cariocas. Ele conta que o sucesso veio com muito suor e dedicação, além do carinho com o que faz e com sua clientela. As receitas são todas de sua autoria, e os sacolés são todos feitos da própria fruta, garantindo a qualidade que é referência em qualquer praia do rio de janeiro. Sua fama se expandiu pelo Brasil com a participação nos programas “Mais Você e Programa do Jô”, da Rede Globo, Programa “Happy Hour” da apresentadora Astrid Fontenelle, entre outros. O povo pôde conhecer suas músicas e a alegria contagiante que faz dessa figura o comerciante mais conhecido nas areias do Rio, com homenagens também no Orkut e um site pessoal (www.sucoledoclaudinho.com.br), onde divulga o trabalho e busca parcerias.

A mudança de perfil do comércio na praia não pára por ai. Tatuagens de henna, açaí com granola, empadas, brinquedos, roupas, acessórios, óculos escuros, especiarias árabes, artesanatos, pinturas e drinques são só alguns exemplos das muitas coisas diferentes e até mesmo exóticas que podem ser vistas com frequência e naturalidade, personagens são criados e fantasias caminham fazendo seus números e apresentações. A concorrência aumenta a cada dia, cooperativas são criadas e equipes selecionadas para revenda, uma organização respeitada pela maioria dos vendedores. “ A cooperativa ajudou muito e o nosso trabalho passou a ser mais respeitado. Com o uniforme passamos a ter credibilidade com o freguês”, diz Estevam, vendedor de mate, que pega o metrô todos os dias na estação de Colégio, onde mora com mais dois filhos.


Por: Bruno Kleinlein.

5 comentários:

Lis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lis disse...

O Claudinho colocava suor no sacolé? Ou ainda coloca? Nao entendi bem essa parte! hahahahahahah
Bjo

Unknown disse...

a praia de ipanema e a melhor...
na verdade qlq praia hj e mto boa... vc naum precisa sair da praia pra nada... pode fica o dia td parado e comer, beber e fuma(cigarro - tb tem uma tabacaria ambulante) e simplismente perfeito!

Domi disse...

Hahahaha...
Lembro do dia em que conversávamos sobre isso, impressionou né...
Mas realmente se tem de tudo nessas praias, principalmente em Ipanema.
=D

Bjao primo!